Jovem vai estudar em uma das universidades mais conceituadas do mundo.
Estudante quer se formar nos EUA e voltar para contribuir com seu estado
João
Lucas Camelo Sá participa de olimpíadas de matemática desde os 12; nem
sabe qual o número de prêmios conquistados (Foto: Arquivo pessoal)
Às 20h28 desta quarta-feira (14), João Lucas Camelo Sá, de 17 anos,
acessou a internet na sua casa em Fortaleza (CE) e descobriu que sua
vida iria mudar completamente: ele foi aprovado na seleção do Instituto
de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Localizado em Massachusetts, nos
Estados Unidos, o MIT é umas das universidades mais conceituadas do
mundo: referência em ensino e pesquisa em tecnologia, ficou em segundo
lugar no ranking mundial em reputação da Times Higher Education, atrás apenas da Universidade de Harvard.
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A data e o horário em que João Lucas viu a aprovação foram estipulados
pela instituição para que os candidatos verificassem o resultado da
seleção por meio de uma senha. "Eu estava desanimado, comecei a pensar
no pior, mas quando vi que passei, saí correndo, subi e desci as escadas
umas dez vezes. Meus pais tomaram um susto", diz João Lucas.
Para ser selecionado no MIT é necessário fazer um exame chamado de
Scholastic Assessment Test (SAT, Teste de Avaliação Escolar), uma
espécie de 'Enem americano,' que também é aplicado no Brasil aos
interessados em disputar vagas nos Estados Unidos. Sá conta que fez as
provas específicas de matemática e química e gabaritou com 800 pontos, a
nota máxima. Também foi necessário fazer o teste de proficiência em
inglês, o Toefl (Test of English as a Foreign Language). Do total de 120
pontos, o jovem fez 113.
Apesar do bom desempenho no processo seletivo, o estudante tinha
dúvidas se seria aceito. "Muita gente boa aplica para o MIT, passar lá é
algo extraordinário. Não tinha como ter certeza", afirma.
João Lucas na Romênia onde conquistou prêmio
inédito para o Brasil (Foto: Arquivo pessoal)
inédito para o Brasil (Foto: Arquivo pessoal)
Fera em matemática, João Lucas ainda não sabe qual curso vai optar no
MIT. A universidade permite que o estudante defina a graduação em até
dois anos. Até lá, o jovem quer explorar áreas como computação e
economia. E ao concluir os quatro anos de estudo já sabe seu destino:
voltar para Fortaleza. "Estudar fora do país vai ser importante para o
currículo, mas quero voltar e contribuir para minha cidade, fazer algo
significativo para meu estado. Não penso em morar nos Estados Unidos,
não teria sentido."
Campeão olímpico
A vontade de estudar no exterior começou quando João Lucas passou a conviver no universo das olimpíadas estudantis. A maioria das universidades americanas valoriza alunos com histórico de participação nessas competições.
A vontade de estudar no exterior começou quando João Lucas passou a conviver no universo das olimpíadas estudantis. A maioria das universidades americanas valoriza alunos com histórico de participação nessas competições.
Quando tinha uns 10 anos, o estudante foi convidado pelo colégio Ari de
Sá, em Fortaleza, onde concluiu o ensino fundamental e médio, para
participar de uma oficina de matemática.
"As aulas eram legais porque
eram mais difíceis, mais desafiadoras do que as da sala de aula. Mas
nessa época nem tinha intuito de competir", afirma.
O 'supercampeão' nem sabe dizer quantas medalhas já conquistou ao longo
da carreira que começou aos 12 anos. Foi medalha de ouro na Olimpíada
Brasileira de Matemática; prata na Olimpíada Internacional de
Matemática, na Holanda; prata na Romênia Master (prêmio inédito para o
Brasil) e ouro na Olimpíada de Matemática do Cone Sul neste ano, entre
outras premiações.
Apesar de tantos títulos, João Lucas conta que a mais importante
conquista não veio em forma de medalha. "Alguns dos meus melhores amigos
eu fiz nas olimpíadas. Acontecia de nos encontrarmos nas viagens.
Alguns já estudam fora do país e me ajudaram com dicas."
'Não precisa ser gênio'
João Lucas sempre foi bom aluno, costumava assistir às aulas regulares de manhã e passar as tardes na biblioteca da escola. Às vezes, durante as noites, tinha aulas focadas para as olimpíadas ou ia se distrair na casa de algum amigo. O estudante dispensa o título de gênio e diz que qualquer bom aluno consegue fazer o SAT tranquilamente. "Não precisa ser gênio das olimpíadas para ir bem. Tirei 800 e não sou bom em química, não tem muito segredo. Minha rotina nunca foi diferente da maioria das pessoas. Na sala de aula era visto como qualquer um."
João Lucas sempre foi bom aluno, costumava assistir às aulas regulares de manhã e passar as tardes na biblioteca da escola. Às vezes, durante as noites, tinha aulas focadas para as olimpíadas ou ia se distrair na casa de algum amigo. O estudante dispensa o título de gênio e diz que qualquer bom aluno consegue fazer o SAT tranquilamente. "Não precisa ser gênio das olimpíadas para ir bem. Tirei 800 e não sou bom em química, não tem muito segredo. Minha rotina nunca foi diferente da maioria das pessoas. Na sala de aula era visto como qualquer um."
A mãe de João Lucas, a assistente social Francisca Rosa Camelo Sá, de
54 anos, agora mescla o orgulho de ver o sucesso do filho com a angústia
de saber que o caçula de três filhos vai se mudar do país. "Ele é muito
determinado, no fundo sabia que ia dar certo. Mas agora vem a sensação
do ninho se esvaziando e ao mesmo tempo saber que nossa missão está
sendo cumprida. É muito orgulho."
Além da falta dos pais, das duas irmãs e dos amigos e parentes do
Ceará, João Lucas diz que vai sentir muitas saudades do clima do
nordeste brasileiro. "Gosto do calor, do céu azul, de acordar com o dia
ensolarado. Quando viajava para lugares frios para participar das
olimpíadas, voltava e pensava: que sorte eu tenho de morar aqui!"
Fonte: G1
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