As pesquisas qualitativas recebidas pelo meu partido, de todo o Brasil, não somente do
Ceará, dizem o seguinte: ‘poste nunca mais’. Alguém tirado do bolso do colete para dizer: ‘olha, aqui é o meu candidato’, acabou”. Foi assim que o senador Eunício Oliveira (PMDB) reagiu ao ser questionado sobre a escolha do candidato que deve disputar o governo do Ceará em 2014. Em meio ao debate sobre a sucessão estadual, com a indefinição dos partidos para a manutenção da aliança governista, Eunício continua trabalhando sua candidatura. Um recuo, hoje, parece completamente improvável. As declarações foram feitas em entrevista à jornalista Kézya Diniz, na FM Expresso Somzoom Sat.
Mesmo assim, o senador evita fazer críticas diretas à gestão do governador Cid Gomes (Pros) e aos pré-candidatos do Pros que esperam a indicação de Cid. Por outro lado, com discurso afinado, Eunício defende que, apesar das decisões partidárias, a escolha caberá ao eleitor cearense – que escolherá o novo comandante da administração, com gestão a ser iniciada em janeiro de 2015, depois de oito anos de governo Cid.
A expressão “poste”, na eleição de 2012, marcou a campanha do então candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) à Prefeitura de Fortaleza, Elmano de Freitas, após a ex-prefeita Luizianne Lins (PT) declarar que estava teria condições de “eleger até um poste. E sem luz” para sua sucessão. Em São Paulo, ainda na eleição passada, o ex-presidente Lula chegou a se referir ao ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, como “poste” na campanha para a prefeitura de São Paulo. Aqui, o “poste” perdeu. Lá, o “poste” saiu vitorioso. No Ceará, a expressão traduz uma crítica às possíveis indicações do Pros ao Palácio da Abolição.
SEM VOLTA
Durante entrevista, Eunício deixou claro que sua candidatura ao governo do Ceará não tem
volta, a não ser que “Deus não permita”, ou que o PMDB volte atrás em sua decisão de lançar um nome para a disputa. Ao mesmo tempo, o senador assegurou que tal postulação não se trata de um desejo pessoal, mas de uma decisão sedimentada pelo seu partido e que deseja o apoio dos demais partidos aliados e do governador Cid Gomes (Pros).
Questionado sobre a existência de algum cenário, no qual sua candidatura não seria possível, Eunício disparou: “Tem sim. Ele está lá em cima. Só Deus. Primeiro, Deus tem que me deixar vivo aqui na terra. Segundo, o posicionamento do meu partido”, enfatizou.
Indagado se continuará conversando com as lideranças, até mesmo as de oposição ao governo Cid, o senador disse que seu partido é democrático e “não veta ninguém”. Disse, ainda, não ver problema em conversar com diferentes lideranças, incluindo o ex-senador Tasso Jereissati (PSDB) e a ex-prefeita Luizianne Lins (PT), além de parlamentares como o deputado estadual Heitor Férrer (PDT) e o vereador de Fortaleza Capitão Wagner (PR).
Segundo o peemedebista, não existe problema em ouvir o que as lideranças partidárias têm a dizer.
RELAÇÃO COM PT
A disputa no Ceará passa pela relação entre o PT e o PMDB em âmbito nacional. A presidente Dilma Rousseff sofre pressão para apoiar o candidato do Pros, uma vez que os irmãos Ferreira Gomes romperam com o PSB de Eduardo Campos, pré-candidato à Presidência da República, num ato de lealdade ao governo. Do outro lado, o partido do vice-presidente Michel Temer condicionou o bom relacionamento entre as legendas em todo o País a um apoio do PT à candidatura de Eunício.
O peemedebista revelou que, recentemente, esteve com Dilma, onde conversou sobre a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, a votação do Marco Civil da Internet e sobre o cenário eleitoral. Para Eunício, caso haja desentendimento no Ceará, tanto Dilma quanto o ex-presidente Lula agirão de forma “neutra” na disputa no Estado, embora algumas lideranças do PT comentem o contrário.
“Nem Lula e nem Dilma virão ao Ceará para massacrar um companheiro leal, que não pratica traição. Não tenho dúvida que, seja qual for a decisão no Ceará, se houver desentendimento ou separação, acho que eles não tomarão partido, embora tenha ouvido informações contrárias”, disse, aproveitando para responder que, até o momento, nunca se sentiu traído. Pelo contrário, diz que é grato pelas ajudas recebidas tanto na vida pública, quanto na empresarial.
ENCONTROS REGIONAIS
Sobre as articulações do PMDB, o senador Eunício Oliveira disse que a legenda continuará promovendo os encontros no interior do Estado, visando ouvir as dificuldades enfrentadas pelas regiões de maneira mais direta. Este momento, segundo ele, é importante para que a população tenha oportunidade de relatar suas dificuldades, além da convivência com as lideranças locais. No último final de semana, o PMDB realizou em Russas, o 11º encontro estadual do partido, com a presença de representantes da bancada federal, estadual e municipal, além de membros de outros partidos.
SAIBA MAIS
O senador Eunício Oliveira (PMDB) adiantou, ainda, que o projeto de marco civil da internet deve ser votado na terça-feira pelos senadores. A intenção é que a proposta seja sancionada no dia da abertura do NETmundial – Encontro Multissetorial Global sobre o Futuro da Governança da Internet, que acontece em São Paulo nos dias 23 e 24 de abril.
Senador defende instalação da CPI da Petrobras
O senador Eunício Oliveira (PMDB) afirmou que, amanhã, encaminhará favoravelmente ao parecer da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) sobre a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, que será apreciado pelo Plenário. Ao mesmo tempo, justificou que a empresa não pode ficar vista pela sociedade como empreendimento corrupto, assegurando que, devido às denúncias, o Parlamento não podia se furtar do debate.
“Existe uma denúncia grave, embora o TCU [Tribunal de Contas da União] e a Polícia Federal estejam investigando, mas o Parlamento não podia se furtar ao debate. Senti-me na obrigação de assinar”, disse o peemedebista durante entrevista na última sexta-feira à rádio Expresso Somzoom Sat. A CPI para investigar a Petrobras pode trazer problemas à presidente Dilma Rousseff, que tenta a reeleição e, na época do acordo de compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, era presidente do Conselho de Administração da estatal.
Eunício reiterou também que, durante conversa com a presidente Dilma Rousseff, firmou o compromisso de indicar “nomes sérios”, para que o processo não se torne um “circo eleitoral”. O PMDB é o partido com a maior bancada no Congresso Nacional e, por isso, tem o direito a indicar sete parlamentares para a Comissão. A legenda também poderá assumir a presidência ou a relatoria da CPI.
O ESTADO
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