Apesar dos discursos de conciliação, há chances reais de quebra na aliança. Racha traria perdas para ambos
Ainda não se sabe se o governador Cid Gomes (PROS) e o senador Eunício Oliveira (PMDB) estarão do mesmo lado na disputa eleitoral que se aproxima. No momento, o mais provável é que estejam em campos opostos. Eunício tentando se eleger governador e Cid querendo a vitória daquele a ser por ele indicado. Movimentos cautelosos de um lado e outro denotam que há muita coisa em jogo. Eventual rompimento provocaria perdas e incertezas em ambas as partes.
Para Cid, além de perder um dos principais aliados, a quebra da aliança significaria ter como adversário uma das maiores forças políticas do Estado. “Seria uma perda substancial, porque o Eunício é uma grande liderança”, admite o deputado José Sarto (Pros), líder do Governo na Assembleia Legislativa. Por vários fatores, cita o deputado, a campanha se tornaria muito mais difícil para o candidato apoiado pelo Palácio da Abolição.
Uma das perdas mais mensuráveis e imediatas para Cid e seu indicado seria a redução de alguns preciosos minutos no tempo de propaganda eleitoral em rádio e TV. Com a segunda maior bancada na Câmara dos Deputados, o PMDB só fica atrás do PT na distribuição de tempo. Estão em jogo, portanto, mais de três minutos, no mínimo.
Além disso, o PMDB tem 21 prefeituras sob seu comando - inclusive redutos importantes como Crato, Juazeiro do Norte e Iguatu. O amplo domínio do grupo do governador no Interior seria reduzido na eleição, já que Eunício e seus aliados têm mais influência sobre alguns municípios.
Perdas peemedebistas
“O PMDB é parte integrante do projeto do governador, participa e contribui com a gestão”, observa o vice-governador Domingos Filho, que deixou o PMDB e seguiu com Cid para o Pros. Participação na gestão significa, principalmente, cargos. Além dos secretários Bruno Sarmento (Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente - Conpam), João Melo (Controladoria) e César Pinheiro (Recursos Hídricos), o PMDB possui vários postos de menor expressão na gestão de Cid. O não entendimento com o Pros implicaria, naturalmente, na saída de vários peemedebistas do Governo.
Sem se coligar com o Pros, o PMDB teria também mais dificuldade para eleger deputados estaduais, já que os maiores puxadores de voto estão no grupo do governador. Eunício poderia ainda ver desgastada sua relação com o Planalto, hoje mais próximo de Cid.
Saiba mais
Apesar do possível racha na aliança, os discursos de parte à parte ainda vão no sentido de conciliação. O prefeito Roberto Cláudio, assim como vários outros do Pros ouvidos por O POVO preferiram nem comentar a situação que estaria posta em caso de possível rompimento.
Eunício vem adotando o mesmo tom, mas admitiu que está tentando viabilizar sua candidatura ao Governo.
Aliado a ambos, o PT é parte fundamental nesse processo, tanto que o ex-presidente Lula tenta costurar acordo entre Cid e Eunício a fim de que o palanque para a presidente Dilma Rousseff não seja dividido no Estado.
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